FILME LONGA-METRAGEM DOCUMENTAL.
BLOG-DIÁRIO DE CONSTRUÇÃO.
APLICATIVO DE DECLAMAÇÃO DECLAMAÍ.
“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.(…)”
Autopsicografia, Fernando Pessoa
A poesia ressignifica nosso cotidiano, abre espaços inaudíveis em nós, assim jogando luz no espanto, dando conta de exprimir no reino da linguagem a liberdade da criação artística. Realizar um projeto sobre o poder e preciosidade da palavra inventiva vem também de encontro a uma investigação que se refere à relação entre literatura, audiovisual e interpretação. O movimento poético ocorre, pois é preciso poemas.
O projeto POEMARIA vem então abrir um espaço para a discussão com comunicadores e personalidades a relação entre a criação da palavra escrita e a estética da interpretação, seja ela de natureza cênica, jornalística ou sociológica.
Vivemos na comunidade do dizer, nossa língua é instituição de nossa cultura.
Boa parte do cinema contemporâneo é de caráter industrializado visando apenas o entretenimento alienante da cultura do consumo. Realizar um projeto então, dando completa importância à palavra e ao movimento catártico que ela exerce, é de suma pertinência para realização.
Este projeto se desdobra em três ações que funcionam de maneira independente ou não:
1- Aproximar o internauta do projeto, convidando então todos os internautas a baixarem nosso aplicativo de declamação, o DECLAMAÍ, para inundarem a rede com poesia, promovendo o primeiro Sarau Virtual. Essa ação visa estimular e viralizar na internet a importância e a pertinência da poesia e suas distintas e abrangentes maneiras de declamação.
2- A realização de um filme longa-metragem com personalidades da literatura, filosofia e antropologia acerca do universo poético.
3- Por último, lançaremos um livro sobre todo processo criativo do projeto, um diário de criação.
Assim como o mestre Gullar fala logo abaixo, esse projeto acredita que a palavra be(m)dita pode nos abençoar com beleza e transformação para esses dias duvidosos.
“Num mundo sem deuses, o homem é responsável por seu próprio destino e por cada um de seus atos. A solução dos problemas agora depende exclusivamente de sua capacidade de compreender a realidade e de atuar sobre ela. Não há milagres: o homem cria a sua própria vida, produzindo e reproduzindo os meios de manter-se vivo como indivíduo e como espécie. Dividido em classe e nações presas a interesses contraditórios, ele atenta contra si mesmo e contra a natureza, mistifica-se e aliena-se em conceitos e preconceitos que o levam à produção de armas mortíferas capazes hoje de destruir a própria humanidade.
Mas nenhum deus o salvará: só ele mesmo, na medida em que tome consciência do que deve ser feito e se una para fazê-lo, poderá impedir a eclosão do apocalipse. Este é o mundo em que vivemos, banal e delirante, mas onde se torna cada dia mais clara a necessidade de despertar e cultivar o que há de humano no homem. Os poetas podem ajudar nisso. E não por mistificar a realidade mas, pelo contrário, por revelá-la na sua verdade, que é prosaica e, ao mesmo tempo, fascinante. O poeta sonha no concreto o sonho de todos. Ele sabe que a poesia brota da banalidade do mesmo modo que o poema nasce da linguagem comum. Está na tua boca, na minha boca, a palavra que eventualmente se converterá em beleza. Ou não.”
Davi Kinski